segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A Reestruturação da CGD

Lagos, 07 de Dezembro de 2016
sobre A Reestruturação da CGD
Ouvi dizer que o plano de reestruturação do Dr António Domingues passa principalmente por fechar as sucursais da CGD no estrangeiro e reapreciação das despesas. Se sobre a segunda tem todo o meu apreço, sobre a primeira já me surgem muitas dúvidas; isto porque a CGD, para conseguir pagar a sua dívida, se é que o plano não é serem os contribuintes a pagá-la, tem de assumir um plano de expansão com critérios; pois cortando é sempre bem pouco o que se arrecada.

Para rentabilizar a CGD, é precisa uma estratégia agressiva de conquista de mercados, apoiando as exportações portuguesas e a economia dos países onde está inserida. Para isso precisa de equipas dinâmicas e dinamizadoras à frente das sucursais importantes para esta estratégia. Portugal é um país pequeno; não tem um mercado que consiga fazer a CGD voltar aos saldos positivos; então o mercado da CGD tem de ser o mundo como, por exemplo, o mundo é para a Inglaterra ou o Reino Unido e a competência dos seus quadros e especialistas.=

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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A Mesma Estratégia do Inimigo

Ao ler este texto recordei-me imediatamente da batalha de Alcácer Quibir em que D. Sebastião e os melhores e mais competentes de Portugal perderam a vida e, como consequência, a independência de Portugal. Transcrevo o texto de forma livre e em português actual.

PDF pág 76 » CHRONICA DE D. MANOEL escrita por Damião de Goes
… com vento próspero chegaram ao Cabo de Santa Maria, onde estavam esperando D. João de Menezes, Conde de Vila de Tarouca na comarca da Beira, alguns navios do Algarve que haviam de ir com ele e, aos capitães dos quais e os que iam com ele de Lisboa, declarou então como por mandado do Rei D. Manuel e por regimento que para isso levava consigo que o primeiro objectivo que tinham a realizar era pôr cerco a Mazalquibir.
Seguindo dali viagem, chegaram ao porto deste castelo de Mazalquibir e, por ser já tarde, mantiveram-se afastados do porto com intenção de, no outro dia, pela manhã, alcançar o lugar, mas isto não foi possível porque o vento era tão contrário que não os deixava chegar; assim andaram três dias, nos quais os da terra se proveram do que lhes era necessário.

Tomado o porto de Mazalquibir, que foi num sábado, véspera de Santiago, vinte e três dias de Julho, o Conde com toda a gente que lhe pareceu necessário saiu das naus levando consigo a bandeira real, ficando ele no seu batel porque os fidalgos da frota lhe pediram que não desembarcasse. Assim que toda a outra gente, guiada pelos seus capitães, em boa ordenança foi tomar a vila até aos muros e nestes puseram escadas sem que os de dentro lhes fizessem nenhuma resistência, mas depois que os tiveram encravados e cegos no que cuidavam fazer e os verem já andar como vencedores, espalhados ao redor dos muros, saíram de dentro quatrocentos homens a cavalo, homens que, pelo seu trajo, pareciam nobres e acompanhados de soldados peões, os quais deram com tanto esforço nos nossos que, sem nenhuma resistência e com muita desordem, os fizeram todos recolher aos batéis e, perseguindo-os, os mouros mataram vinte, entre os quais alguns homens fidalgos. O Conde, desesperado de não conseguir ganhar a vila, lhe pareceu escusado assaltá-la outra vez e com parecer de todos os capitães determinou-se partir dali. Assim ficou decidido, pelo que, D. João de Menezes despediu para o reino a frota que com ele viera para conquistar Mazalquibir e ele seguiu a sua viagem.= 


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sábado, 25 de junho de 2016

Saída do Reino Unido da União Europeia

Lagos, 24 de Junho de 2016
sobre Saída do Reino Unido da União Europeia
Ontem houve referendo no Reino Unido e 52,1% da população escolheu a saída da União Europeia, mas a área de Londres, a Irlanda do Norte e a Escócia escolheram maioritariamente ficarem na União Europeia. Ora aqui está uma bota difícil de descalçar!
O Reino Unido tem o Common Wealth há muitos anos e a sua experiência transmitida à União Europeia seria uma grande mais-valia; mas claro que, quem aconselha, não vai contra os seus próprios interesses; contudo há gente competente na União Europeia para fazer o necessário discernimento.
O Reino Unido é um dos principais países-dadores. Contribui para o PIB da União Europeia com cerca de 14% e recebe igual ou mais das várias fontes de receitas para os países-membros porque tem gente muito capaz. O que fez entornar o copo?
O Reino Unido já era um país sobrelotado de gente porque tem um bom sistema de segurança social e porque tem obrigação de receber quem queira vir lá morar do Common Wealth. Só que agora, com a obrigação de receber pela União Europeia também, foi demais. Qualquer espaço tem limites para receber e o Reino Unido também. Já lá no século XX, em psicologia, se descobriu que, a partir de determinado número de ratinhos numa caixa, eles começaram a comer-se uns aos outros: stress ambiental, falta de alimento, falta de espaço individual e para as suas crias, o seu futuro. Passaram a ser malvados? Não creio; é o instinto de sobrevivência!
Agora o Reino Unido vai readaptar-se à nova realidade e depressa estará a funcionar bem novamente.
Relativamente à União Europeia, o orçamento emagrece.
Há algo a ter em consideração: a União Europeia tem países-dadores e países-recebedores porque tem países com níveis de desenvolvimento e capacidade de desempenho das gentes de cada estado-membro muito desigual e tem um bom mecanismo de regulação. Os governantes e decisores dos países-recebedores, de mão estendida, julgam-se muito espertos porque teoricamente recebem dos estados-membros dadores. Este sistema foi criado para esbater as desigualdades aos vários níveis entre os estados-membros da União Europeia até chegar a uma situação em que todos contribuem e todos recebem.
Pois bem, porque há países de mão estendida? Porque, nesses países, se prima pela lei do domínio-sujeição, em que há um que pensa e tudo o resto são máquinas formatadas (homens e mulheres) para cumprir e arcar com as consequências desastrosas que surgirem. Quanto mais ignorantes, melhor: assim pensam os que dominam. E assim têm subsistido durante muitos séculos. Deste modo o quociente entre os rendimentos mais baixos e os rendimentos mais altos é enorme, a miséria é enorme, a impossibilidade de estudar abrange uma grande franja de gente e dizem-se democratas-cristãos, os decisores, não sendo nem democratas nem cristãos stricto senso.
Se a União Europeia não tivesse mais nenhum valor/importância e tem muitos, tem o de demonstrar àqueles decisores o quanto estão errados porque estão a compreender que não é: uns Estados pagam e outros Estados recebem; é sim os Estados com mais gente mais competente recebem mais. Portanto quem recebe mais? Quem tem gente mais competente; logo principalmente os estados-membros dadores. Os estados-membros recebedores também recebem e isso tem sido muito importante para eles, mas recebem muito menos do que está à sua disposição porque a sua gente é incompetente e agem segundo leis que vão contra a competência e contra o desenvolvimento harmonioso dos seus países. Então, numa primeira fase, ficaram muito contentes ‘ah, vamos receber tanto deles’; numa segunda fase, não cumpriram ‘vamos ter de devolver; não receber, … e os estados-membros dadores recebem mais… Grandes vigaristas!
Pois é, pois é: a ignorância e obediência para as gentes da submissão dão estes resultados… e eles afunilam ainda mais e dizem que a União Europeia não presta.

É muito importante chegar à fase de ‘todos contribuem de acordo com as suas possibilidades e todos recebem de acordo com as suas competências’, aplicando leis da social-democracia, do centro do espectro político – a  verdadeira democracia-cristã – num desenvolvimento harmonioso de todo o território. Atenção à necessidade da existência de um IDEAL EUROPEU, pelo qual todos se devem pautar; sem isso a barca fica sem rumo.=



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quinta-feira, 10 de março de 2016

Portugal do século XIX

Lagos, 05 de Março de 2016
sobre Portugal do século XIX
Após as Invasões Francesas de 1807-1810, o exílio da corte portuguesa e o universo financeiro a ela associado afastados de Portugal e destinados ao Brasil, aproveitando o ensejo para o modernizar e desenvolver; a independência do Brasil; a guerra fratricida de mais de vinte anos que foi destruindo tudo e todos no país, urgia reabilitá-lo e fazê-lo renascer das cinzas.
Essa foi a função que heroicamente assumiu Fontes Pereira de Melo durante os reinados de D. Maria II (1834 – 1853), D. Pedro V (1853 – 1861), D. Luís I (1861 – 1889), D. Carlos I (1889 – 1908). Ele foi o mentor, criador e implementador de um novo modelo socioeconómico que já grassava há muito por toda a Europa. Tratava-se de um modelo alicerçado no Poder Moderador, um modelo socioeconómico liberal para a democratização do país com sistema eleitoral e duas Câmaras no parlamento: a dos Pares representantes da Nação e a dos Pares eleitos. A sociedade portuguesa passa a agrupar-se nos dois grandes partidos do centro político.
A este modelo chamou-se Revolução Verde Portuguesa; a sua primeira fase, da nossa revolução industrial, vai ser implementada de 1850 – 1890; entre a Revolução Industrial inglesa e a portuguesa vão mais de cem anos.
Nos primeiros tempos, Fontes Pereira de Melo enfrenta imensas dificuldades:
1.       A incapacidade de o Estado pagar aos credores externos;
2.     A necessidade de Portugal garantir condições que atraiam capitais estrangeiros;
3.     A necessidade do Estado ter contas sólidas.

A partir de 1856, iniciam-se as obras de fomento com recurso à dívida pública externa, a que o grande surto de emigração portuguesa, principalmente para o Brasil e as suas remessas de divisas para Portugal vão ajudar bastante nas Contas  Públicas.
Estas obras de fomento precisam bastante da internacionalização do país e das exportações. Para isso é urgente a difusão dos caminhos de ferro e das estradas alcatroadas e também o alargamento do mercado interno e o fomento do mercado financeiro. Tudo isto num pressuposto fundamental: o Estado cria as condições gerais do fomento e a sociedade civil põe-no em prática, mas foi ela também que ficou aquém das oportunidades criadas.
Da parte do Estado foram criadas a rede básica dos caminhos de ferro e a rede viária complementadas com a instalação do telégrafo e o desenvolvimento dos portos  e transportes fluviais. Desta maneira ficou criado o mercado único nacional.
É importante não esquecer que todo este desenvolvimento do país se deve também ao desenvolvimento do mercado financeiro e ao desenvolvimento da agricultura. O desenvolvimento da agricultura torna-se real com a alteração das estruturas agrárias como:
1)     recuo da economia de subsistência, alargando o mercado para os produtos industriais;
2)    arroteamento de novas terras, principalmente no Alentejo;
3)    redução dos baldios e pastos comunais com divisão destas terras entre particulares e sua separação com muros;
4)   redução das propriedades da Igreja e fim dos morgados;
5)    alargamento da rede tributária moderna à agricultura;
6)   especialização da produção agrícola por agricultor;
7)    crescimento das propriedades agrícolas com utilização do trabalho assalariado bem servido pela rede de transportes;
8)   modernização das técnicas agrícolas com uso de adubos químicos recentemente inventados e a importação das primeiras máquinas agrícolas a partir de 1860;
9)   a vinha ocupa grande parte das novas terras arroteadas e desde os anos 1870, os vinhos representam ½ adas exportações;
10)     a produção e exportação da cortiça cresce regularmente e bem com o aparecimento de dezenas de pequenas fábricas e oficinas a laborarem com esta matéria-prima e com capital inglês;
11)  a produção e exportação das conservas de peixe cresce regularmente e bem com o aparecimento de dezenas de pequenas fábricas com capital francês

O resultado da revolução agrícola portuguesa é um aumento da produtividade do sector primário, o surto da produção agrícola pelo aumento da procura externa de certos produtos e uma libertação da sua população para as cidades e para a emigração.
O alargamento da produção agrícola desenvolve o pequeno comércio e o comércio externo. Contudo, desde 1880, a queda das exportações é acompanhada por um aumento regular das importações. As importações tornam-se essenciais para alimentar a população em Portugal, permitir a construção dos caminhos de ferro, criar novas indústrias, manter o sector moderno da agricultura, implantar no país os hábitos de consumo das cidades estrangeiras mais ricas.
Em 1881, o sector fabril atinge algum desenvolvimento com 56% da produção industrial feita em fábricas, o que demonstra já o domínio da fábrica na indústria.
A sociedade civil não corresponde plenamente às oportunidades do mercado internacional e tende a reproduzir as condições que asseguram a manutenção da mão de obra barata. A indústria pesada não tem mercado em Portugal e a indústria  ligeira só se desenvolve muito parcialmente.
Entre 1890 –93 é a crise.
O Ultimatum inglês e a falência do Baring Brothers Bank fazem regredir bastante toda esta fase de expansão a todos os níveis em Portugal.

No plano político, a segunda metade do século XIX foi bastante conturbada.
Em 1867, o Partido Reformista, na oposição, combate o aumento de impostos directos e indirectos, sobretudo o agravamento das taxas das contribuições predial, pessoal e de viação e a criação do imposto sobre o consumo. Em Janeiro de 1868, há uma revolta popular contra o imposto sobre o consumo que leva à queda do Governo.
O Partido Reformista forma Governo e no seu Programa de Governo constam a reorganização das finanças públicas através de reformas no funcionalismo, no sistema fiscal e no crédito público. 
Foram feitas reduções orçamentais que afectaram vários serviços e criaram grande descontentamento entre os funcionários públicos, principalmente engenheiros civis. Esta política provocou recessão no país e grande descontentamento na população. Compreendeu-se que esta política estava errada e que o equilíbrio financeiro não podia ser obtido por esta política de compressão. Assim o Governo Reformista viu-se obrigado a contrair empréstimos externos e a aumentar os impostos. A consequência disto foi a agitação da população e o aproveitamento pelos partidos da oposição, o que levou à queda do Governo a 09 de Agosto de 1869.
Contudo para a pequena burguesia urbana e rural e a classe média ligadas às actividades produtivas nacionais aquela era a única alternativa que se opunha à oligarquia política relacionada com os esbanjamentos que sobrecarregavam com impostos os produtores e o povo, em geral.
Em Setembro de 1876, dá-se a fusão do Partido Reformista com o Partido Histórico e forma-se um novo partido, o Partido Progressista, claramente liberal.
Governos continuam a suceder-se uns atrás dos outros e na altura da construção do porto de Lisboa, as oposições acusam o Governo de fraude e corrupção financeira a propósito da gestão destas obras para o porto de Lisboa e também de falta de transparência no mercado de títulos, Bolsa de Lisboa. 
Com o Ultimatum Inglês e a falência do Baring Brothers Bank, a banca portuguesa entra em falência e a economia portuguesa colapsa. Os movimentos e partidos republicanos aproveitam a situação a seu favor desenvolvendo grandes campanhas de descrédito de todo o sistema político vigente, utilizando todos os meios de que dispunham e criando novos meios de propaganda entre os quais jornais, folhetos, caricatura, livros de algibeira, comícios, manifestações, greves...                                
A 31 de Janeiro de 1891, há mais uma tentativa revolucionária republicana falhada.
Os Governos passam a ser cada vez mais autoritários devido ao surto cada vez maior de intolerância na sociedade, chegando ao ponto de, em 1895, o parlamento não aprovar as contas e orçamento do Governo, ficando este sem poder fazer uso dos dinheiros do Estado pelas contribuições e impostos para fazer os pagamentos necessários.
Entre 1895 e 1897, instala-se a ditadura em Portugal chefiada por Hintze Ribeiro e João Franco.
Em 1897, os políticos progressistas e republicanos formam uma coligação liberal para fazer frente à ditadura. Conseguem derrotá-la e ficam no Governo de Portugal de 1897 a 1900.
Entre 1901 e 1903, ocorrem cisões no Partido Regenerador e entre 1904 e 1906, estas ocorrem no Partido Progressista.
Em Maio de 1907, João Franco tenta fazer uma recomposição ministerial com uma concentração dos regeneradores-liberais e progressistas-liberais que lhe foi recusada por estes com a justificação de que todos pretendiam formar uma frente comum contra o próprio João Franco.
A 28 de Janeiro de 1908, realiza-se mais uma tentativa revolucionária republicana que falhou e a 01 de Fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e o seu filho primogénito são assassinados no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Entre 04 de Fevereiro de 1908 e 05 de Outubro de 1910, sucederam-se seis Governos.
Na obra Cartas Políticas de João Chagas redigida nas vésperas de 05 de Outubro de 1910, pode-se ler: “A guerra dos políticos portugueses que disputam o último despojo da monarquia é de extermínio. Cada um julga o outro demais e procura não já afastá-lo momentaneamente do seu caminho, mas aniquilá-lo para todo o sempre. O Sr José Luciano não tolera o pensamento sequer de que o dr José d’Alpoim possa um dia ocupar o poder. Por sua vez, o Sr José  d’Alpoim torna-se hidrófobo só de pensar que o poder será pertença do Sr José Luciano. O Sr Júlio Vilhena é inimigo pessoal do Sr Campos Henriques que o atraiçoou. O Sr Campos Henriques é naturalmente o inimigo do Sr Júlio Vilhena. Nenhum destes dois homens pode assistir serenamente ao triunfo do outro. O Sr Venceslau de Lima ligou o seu destino político ao do Sr José Luciano e adoptou os seus ódios. O Sr Alpoim é a sua bête noire assim como para o Sr Alpoim se tornou insuportável o Sr Venceslau de Lima.”
Agora digam-me que nesta época não havia forças do oculto a funcionarem em força???!!!!!!

BIBLIOGRAFIA


MEDINA João; História de Portugal; volume IX – A Monarquia Constitucional; editora EDICLUBE; Lisboa; 1994; pp. 403, pp. 14-84.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Crise no Portugal do Século XIX

Relativamente à situação no país, o rei D. Luís era Oficial da Marinha quando, por morte do seu irmão D. Pedro (V), sobe ao trono a 14 de Novembro de 1861. Reinou no país durante 28 anos e do seu reinado salienta-se:
- a fusão dos partidos reformista e histórico em 1876;
- a experiência do rotativismo à maneira inglesa entre progressistas e regeneradores;
- a modificação da Carta Constitucional em 1885;
- explorações portuguesas em África com Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens em 1887 e com António Maria Cardoso, Vítor Cordon e Paiva de Andrade em 1888.
Herdou todo um Programa Político de Reformas para o Liberalismo implementado por seus pais, D. Maria II coadjuvada por D. Fernando II, que se iniciou em 1850 e foi continuado por seu irmão, D. Pedro V. Fontes Pereira de Melo foi convidado a elaborar este programa e executá-lo. O seu programa, denominado Regeneração, foi criado para o período de 1850-1890 e tinha por objectivos:
- garantir uma nova moralidade no funcionamento do Estado;
- assegurar o pagamento dos funcionários;
- tranquilizar os credores;
- criar a estabilidade no Executivo;
- afirmar o Governo como pessoa de bem.
Fontes Pereira de Melo faleceu a 22 de Janeiro de 1887, com 67 anos, depois de ter sido Ministro da Fazenda (@ Ministro das Finanças) e das Obras Públicas e de ter presidido a vários ministérios. No seu período de governo, começou por formar o Partido Regenerador, agrupando a sociedade política portuguesa em dois grandes partidos do centro político – Progressistas e Regeneradores - esvaziando os extremos e assim provocando um grande avanço do Liberalismo.
Foi, sem dúvida, o político mais em destaque neste período e a sua obra foi extraordinária. Dela podemos salientar:
- a fundação do Montepio Militar;         
- o equipamento do exército com armas modernas;
- a construção de estradas, pontes, linhas de telégrafo e do caminho de ferro;
sendo o maior conjunto de esforços despendidos durante o Liberalismo para o desenvolvimento do país.
A sua mãe, D. Maria II, subiu ao trono em 1834, após a vitória do Liberalismo que pôs fim a uma guerra fratricida entre Setembristas (apoiantes de D. Miguel) e Cartistas (apoiantes de D. Pedro IV) e que aconteceu principalmente entre 1832-34. Ela enfrentou uma época tumultuosa, cheia de revoluções, golpes de Estado e levantamentos populares: 20 anos de guerras civis que conduziram ao Cabralismo. Costa Cabral, Marquês de Tomar, foi um político liberal que aderiu ao Partido Constitucional. Foi um dos principais promotores do movimento revolucionário de 1842 que levou à Carta Constitucional. Foi Ministro do Reino (@ Primeiro-Ministro). Durante o seu Governo, a sociedade política portuguesa agrupava-se nos extremos do espectro político com um centro fraco e com recurso frequente ao exército e a grupos armados e os défices orçamentais dos Governos iam sendo cada vez maiores.
Relativamente a Fontes Pereira de Melo há que destacar também a criação do sistema fiscal moderno - a contribuição predial e a contribuição industrial - embora as grandes receitas continuassem a ser provenientes dos impostos indirectos, especialmente as alfândegas.
Ele também beneficiou da proibição do comércio de escravos no Brasil que provocou a fuga dos negreiros para Portugal com as suas fortunas; o que tem como consequência a Balança de Pagamentos ficar equilibrada entre 1852 e 1856 e se concretizarem os projectos de estradas e dos caminhos de ferro. Depois de 1856, o endividamento externo e o investimento estrangeiro garantem a continuação do equilíbrio da Balança de Pagamentos e cobrem os défices da Balança Comercial.
A partir dos anos 1860, inicia-se uma série de crises devido às dificuldades em contrair dívida no estrangeiro para pagar a dívida portuguesa existente. O Governo aumenta a tributação e surgem revoltas urbanas. O que vai salvar a situação é o grande surto de emigração a partir de 1871, sobretudo para o Brasil. Isto provoca um aumento muito substancial das remessas de divisas dos emigrantes portugueses.
Para o desenvolvimento do mercado interno e das vias de comunicação com o exterior, que tinham sido bastante destruídas durante as invasões francesas, Portugal precisa de boas estradas, do caminho de ferro, de portos e de transportes fluviais. Fontes Pereira de Melo vai também concretizar esta parte do seu Programa. Tudo foi concretizado!
Em 1890, o país orgulhava-se de ter a rede básica do caminho de ferro completa e a rede viária com 10 727 km de estradas, os portos e os transportes fluviais. Estava criado o mercado nacional único. Durante esta reforma, o mercado financeiro passa de 4 bancos em 1863 para 45 em 1890. (História de Portugal; Volume IX ;p.18)
Assim se dá início a uma vida democrática em Portugal: passámos a ter um regime de duas câmaras no parlamento, a Câmara dos Deputados eleitos e a Câmara dos Pares escolhidos pelo rei; reduziu-se o poder dos reis que passam a exercer um poder moderador, o quarto poder e também o poder da Igreja; estabelece-se  o fim da pena de morte e o fim da escravatura; fazem-se reformas na instrução pública e fazem-se as primeiras campanhas contra o analfabetismo; luta-se contra a censura sobretudo a política; há um grande incremento de jornais e surgem os primeiros jornais operários; constroem-se teatros para um novo gosto, situado entre o teatro de ópera e o teatro popular, apreciado pela nova classe, os burgueses; os caminhos de ferro passam a trazer ao país as novidades de Paris e de Londres em cima da hora.
A Europa fervilha de desenvolvimento e Africa e as Américas passam a ser uma necessidade logística de apoio para os países mais desenvolvidos europeus como a Inglaterra e a Alemanha. Estes congeminavam em reuniões mais ou menos secretas como agarrar as colónias dos países mais fracos como Portugal “que não precisavam delas” assim diziam entre si.
Por isso, apesar de não haver guerra em Angola nem em qualquer outra colónia, havia necessidade de marcar a presença do Reino de Portugal com as suas Forças Armadas. As potências que tinham terras em África andavam cada vez mais aguerridas, tentando aumentar os seus territórios, ocupando com os seus exércitos, os territórios alheios. Decorria o ano de 1887.
Em 1876, realizou-se a Conferência de Bruxelas por iniciativa do rei belga, D. Leopoldo II e Portugal não foi convidado a participar. Ninguém da Bélgica justificou esta atitude, mas em Portugal reflectiu-se que certamente seria devido à sua elevada dívida externa. Este facto trouxe muitos receios a D. Luís, rei de Portugal e ao Estado português.
Nesta conferência debateram-se questões importantes relativas a África como a exploração científica, o lançamento de vias de comunicação, incluindo o caminho de ferro, o fim da escravatura, a ponderação dos interesses políticos das potências europeias. 
A partir do início dos anos 1870, começa uma fase de expansão colonial da Europa em África relacionada com o generalizado crescimento industrial que implicava a busca de novos mercados e a utilização cada vez maior de matérias-primas. Com a progressão demográfica e com a melhoria dos meios de transporte, razões políticas, ideológicas e científicas assim como os progressos técnicos nos mais variados domínios vão facilitar a penetração no continente africano.
Em 1875, é criada a Sociedade de Geografia de Lisboa, para a qual o reconhecimento geográfico dos territórios coloniais tem grande interesse. Já em 1798, acontece a primeira expedição exploradora do território africano entre Tete e Cazembe pelo Dr Lacerda e Almeida. Até ao Ultimatum britânico, em 1890, bastantes foram as expedições científicas realizadas pelos portugueses. Contudo a experiência mostrara que, se já não era suficiente invocar direitos históricos para assegurar a posse dos territórios coloniais também não seriam breves e esporádicos conhecimentos científicos que garantiriam tal posse, embora as reflexões escritas permitam entender melhor o avanço real realizado pelos exploradores portugueses, mas condicionados pelos itinerários extensos pelos territórios, nos quais Portugal estava interessado em dominar politicamente.
Quais são os principais motivos por que, em finais do século XIX, as potências europeias se viram para África e pretendem a sua divisão entre si?
- pretendem desfazer o poder de Khedivato na revolução egípcia de 1879-82;
- pretendem a reafirmação da autonomia boer de 1880-81. Também devido
- às necessidades em matérias-primas da revolução industrial europeia e
- ao positivismo dominante da cultura ocidental que acredita na sua superioridade e missão civilizadora.
A presença das Forças Armadas Portuguesas nos territórios africanos é cada vez mais forte sob pena de os domínios portugueses serem completamente absorvidos pelas outras potências europeias mais aguerridas.

Que tempos eram estes que então se viviam em Portugal?
O decénio de 1880 corresponde ao período áureo do rotativismo.
Em 1876, forma-se o Partido Progressista que resulta da fusão dos partidos Histórico e Reformista e a relativa tranquilidade social e política que se vivia desde 1871 com o Governo de Fontes Pereira de Melo tinham contribuído para uma certa eficácia do constitucionalismo monárquico.
Em 1878, cria-se o Código Administrativo de Rodrigues Sampaio que é bastante descentralizador; alarga-se o número de eleitores pela Lei Eleitoral de 1878 e pela Lei Eleitoral de 1884 garante-se a representação das minorias.
Contudo vários factos denotam o alargamento da influência do movimento republicanista:
- em Maio de 1879, surgiu uma confrontação com o Estado por este ter assinado com a Grã-Bretanha o Tratado de Lourenço Marques que concedia a esta diversas facilidades em Moçambique;
- em 1880, comemora-se o tricentenário da morte do poeta Luís de Camões por uma comissão chefiada por Teófilo Braga. O Governo e a coroa são acusados de indiferença e de hostilizarem esta homenagem que se queria nacional e unanimista.
- em 1882, comemora-se o centenário da morte do Marquês de Pombal e logo se proclama que este acontecimento está a ser usado para divulgar uma tradição histórica empenhada em esconder a decadência nacional.
Oliveira Martins retratava todos os reis portugueses como representantes de um corpo social decadente e à deriva. Nesta perspectiva, também Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso, Teixeira Bastos e outros republicanos responsabilizavam os reis e o seu regime que consideravam estranhos à nação pelo estado de decadência a que se chegara, na sua opinião. As suas publicações alcançavam um público alargado e contribuíam para minar o sistema monárquico, usando contrainformação, ironia e sarcasmo para desinformar e ridicularizar, apesar de há muito não se viver em Portugal uma fase tão boa de desenvolvimento.
Nos anos 90, são criadas associações anticlericais, “Os Círios Civis”, são grupos pequenos quase individuais e sem ligação uns aos outros. Está a ser muito difícil detectá-los. Ouve-se falar, mas isso é muito pouco. Também se diz que republicanos, socialistas e anarquistas decidiram colaborar uns com os outros contra o regime e assim há mais tumultos. O “1.o de Maio”, nesta altura, foi algo como nunca aconteceu: com enormes comícios, mas também lutas entre a multidão... já não é a grande festa dos trabalhadores de há alguns anos.
Também houve grandes tumultos com fugas à polícia e até mortes nas eleições de Junho de 1884 e Março de 1887. Também foi muito feia a tentativa revolucionária no Porto para derrubar a monarquia a 31 de Janeiro de 1891. E que dizer do assassinato do industrial Cipriano Oliveira e Silva em 1888 e da bomba que explodiu junto ao Governo Civil do Porto em Setembro de 1889? Em Fevereiro de 1890, ouviu-se falar do atentado contra o Augusto Forjaz, administrador do concelho de Setúbal e no dia 12 de Fevereiro de 1892 houve o atentado contra o Consulado-Geral de Espanha em Lisboa. a 20 de Novembro de 1892, houve o atentado contra o Conde de Folgosa.
A verdade é que toda esta agitação política tem paralelo com o que se passa por toda a Europa e tem o seu nascimento na revolução francesa de 1789. Livros publicados em França e na Inglaterra depressa percorrem toda a Europa e Portugal não é excepção. Imediatamente são traduzidos e reduzidos a pequenos livros que são divulgados e espalhados nas conferências e sessões de organizações sindicais e em jornais dos vários grupos revolucionários.
A partir do início dos anos 1830, as ideias socialistas são divulgadas em duas vertentes:
1) a introdução no país das ideias socialistas nas suas múltiplas perspectivas utópicas, autoritárias e libertárias e
2) a formação política do operariado e seu associativismo.
O seu objectivo principal não é melhorar as condições de vida dos trabalhadores, das populações, mas sim acabar com a monarquia e implantar a república. Claro que as suas condições de vida iriam sendo melhoradas, mas esses eram pequenos objectivos colaterais como muitas vezes nos tem sido afirmado por socialistas “A nossa luta passa pela democracia, mas o seu objectivo não é a democracia.”
A 10 de Janeiro de 1875, foi fundado o Partido Socialista Português. Durante este ano e o seguinte, surgem as primeiras iniciativas de resistência ao Fontismo, minando os óptimos resultados de progresso para o país e população que este ia conseguindo.
Em Junho de 1876, surge o manifesto dos Centros Republicanos Democráticos em que se afirma, numa primeira fase, “É o seu fim o desenvolvimento gradual e pacífico das ideias democráticas nas instituições do país e, em evolução natural, de futuro o estabelecimento da República em Portugal. Atendemos às relações estabelecidas e procuramos modificá-las dentro dos limites legais.” (História de Portugal; volume IX; p.286) Numa segunda fase, a partir dos anos 1850, passaram a ser adoptadas a revolução e as actividades revolucionárias.
A 13 de Fevereiro de 1883, foi fundada “A Voz do Operário” em Lisboa que veio a ter um papel muito importante na formação política das classes operárias.
A partir de 1895, cada vez mais republicanos, socialistas, anarquistas nos sectores metalúrgicos, corticeiros, tabaqueiros, manufactores de calçado colaboram entre si para o derrube da monarquia.
O Ultimatum britânico de 11 de Janeiro de 1890 tornou-se no ponto de viragem da opinião pública em crescendo a favor do republicanismo. Fontes Pereira de Melo não teve sucessores à sua altura e com o seu empenho e os republicanos tiravam vantagem desse facto que foi muito empolado pela sua propaganda.
Na década de 1890-1900, a pouco e pouco, aumentou o descrédito nos políticos também devido ao cada vez maior eleitoralismo fácil praticado pelas clientelas políticas, os compadrios na obtenção dos empregos e na concessão de obras públicas e crescentes eram também as dificuldades financeiras e económicas para a população portuguesa.
Logo após o Ultimatum britânico, o partido Progressista abandonou o poder e o partido Regenerador, que se lhe seguiu no Governo do país e que iniciou as negociações do Tratado com a Grã-Bretanha, depressa também deixou o Governo por falta de apoio parlamentar.
Tudo isto resultou na crise de 1891-92 que foi muito bem aproveitada e manipulada pela oposição, pois esta tinha um poderoso conjunto de meios de propaganda acessível às camadas populares: numerosos órgãos de imprensa periódica, folhetos e colecções de divulgação, realização de comícios e conferências públicas, manifestações com archotes, romagens e cortejo; tudo centralizado essencialmente na questão política do regime monárquico e no anticlericalismo.
O republicanismo também estava representado na Câmara dos Deputados e até 1894 elegeu deputados continuamente. Em Dezembro de 1893, são dissolvidas as duas Câmaras de Deputados e o Governo Regenerador, chefiado por Hintze Ribeiro e Costa Franco, inicia uma política autoritária: também dissolve as Associações Comercial e dos Lojistas de Lisboa e a Associação Industrial Portuguesa; adopta um novo Código Administrativo de tendência acentuadamente centralizadora.
Está iniciada uma política de ditadura que vai de 1894 a 1896.
 A 28 de Março de 1895, o mesmo Governo promulga uma nova legislação que restringe os direitos adquiridos durante o reinado de D. Luís e do Governo de Fontes Pereira de Melo:
- baixa para 500 réis a base censitária, mas
- os chefes de família que não pagassem contribuição directa e fossem analfabetos perdiam o direito de voto.
Desta maneira o potencial eleitorado ficou reduzido a cerca de 12% da população total de Portugal. Sem representação das minorias, o sufrágio urbano, Lisboa e Porto com grande influência republicana, diluiu-se em grandes círculos plurinominais que abrangiam extensas áreas rurais e o abstencionismo cresceu muito.
Simultaneamente o rei D. Carlos concretiza uma política de contacto directo com as populações, visitando muitos locais do país e também escolas e centros operários.
São também adoptadas reformas no ensino básico e secundário liceal (1894-96) da autoria de Jaime Moniz que reestrutura profundamente o sistema educativo num conjunto integrado e coerente de propósitos culturais e pedagógicos.
Também as comemorações do V centenário do nascimento do Infante D. Henrique (1894) e, mais tarde, do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia (1898) constituíram momentos significativos de divulgação histórica e de construção de uma imagem positiva do papel de relevo que os portugueses haviam desempenhado nos séculos XV e XVI e também as viagens de exploração e as operações militares dos anos mais recentes (finais do século XIX), visando a pacificação dos territórios coloniais e a instalação lá da administração pública portuguesa. (História de Portugal; Volume IX; pp. 166-172)
A 13 de Fevereiro de 1896, é aprovada a lei que ameaça com o degredo para as colónias os cidadãos que infrinjam a ordem pública e é adoptada uma nova estrutura para a Câmara dos Pares.
Por outro lado, a Carbonária – braço armado maçónico – passa a desenvolver um vasto programa metódico de aliciamento dentro dos quartéis e estabelecimentos militares. Agora elementos de todos os sectores da sociedade estão envolvidos neste movimento republicano de destruição do sistema monárquico, incluindo a nobreza.
Os governos extraparlamentares de João Crisóstomo (1890-91) e de José Dias Ferreira (1892-93) negoceiam o tratado definitivo com a Grã-Bretanha para a definição da África Portuguesa e tentam superar a grave crise financeira que colocou Portugal numa situação de bancarrota.
Nos anos noventa acontece a grande depressão financeira, momento em que se verifica uma redução do nível dos défices como consequência da restrição da actividade económica, da deflação e da própria austeridade orçamental (14 652 contos em 1891-92 para 5625 contos em 1892-93 e quase o equilíbrio em 1893-94: 120 contos. De 1901-02 até 1909-10, há um padrão do défice relativamente regular com o seu valor máximo em 1909-10 de 6896 contos. No final da monarquia liberal, havia uma relativa contenção do défice já não devido à depressão financeira deflacionista, mas a uma maior estabilização da economia, da sociedade e da própria estrutura administrativa e financeira.
O descontrolo orçamental de 1861 até 1891-92 tem diversas causas:
As despesas de fomento do país até ao grande crescimento da dívida, do incremento da administração pública em período de expansão económica e clientelismo político ao desequilíbrio das contas com o exterior. O crescimento das despesas do Estado, em 1891-92 são de 52 431 contos; em 1892-92 são de 39 855 contos, em 1901-02 são de 58 572 contos, vai-se mantendo após, mas agora com o suporte de um volume maior de receitas do Estado.
Analisando a composição das despesas do Estado, verifica-se que a principal é o serviço da dívida; crescimento das despesas de fomento do país; o orçamento colonial com as despesas de ocupação e defesa.
O crédito externo foi uma herança da guerra civil portuguesa, agravada com o aumento de empréstimos externos para cobrir os défices orçamentais. É causa de desequilíbrio das contas do Estado e vai levar a cada vez maiores créditos externos e a uma dependência de países terceiros principalmente da Inglaterra.
Foram numerosas as imposições políticas por parte dos credores, inúmeras as negociações e relativamente frequentes as conversões da dívida em dependência sobretudo dos mercados financeiros de Londres, da França, de Espanha e da Alemanha.
Em 1902, após demoradas conversações com os credores externos, conseguiu-se um acordo que levou ao encerramento do recurso intensivo ao crédito externo; o que representou a última conversão geral da dívida pública externa,  uniformizou e definiu em termos claros a situação da dívida externa portuguesa.
A dívida pública total, em 1890 era de 592 631 contos e em 1910 era de 878 509 contos.

Continuando a analisar o que se vivia em Portugal temos que a 31 de Janeiro de 1891, no Porto, ocorre uma tentativa revolucionária falhada de implantar a república.
O país estava bastante endividado principalmente com a banca inglesa, empréstimos que foram necessários para a grande reforma da modernização do país concretizada por Fontes Pereira de Melo. Depois a dívida externa foi crescendo à medida que se faziam novos empréstimos bancários para pagar as prestações que iam vencendo. Contudo este processo cessou em 1901, após um período de onze anos devido a, em 1891, ter acontecido a falência do banco Baring Brothers, em Londres, que consequentemente provocou a falência da banca do Porto e de Lisboa, originando uma grave crise e depressão na economia portuguesa.
Assim perante o descalabro da política portuguesa que tinha passado de lutas políticas entre adversários políticos a lutas pessoais de políticos dentro do mesmo partido e com adversários de outros partidos e o descrédito quanto ao destino das colónias portuguesas, o rei D. Carlos põe em prática uma estratégia de contacto directo com os problemas reais das populações, visitando escolas, centros operários e muitas localidades de Portugal que se tornaram frequentes a partir de 1891.
Também o rei D. Carlos inicia uma política de aproximação às grandes potências europeias em que Luís de Soveral (1895-97), enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros, desempenhou um papel de relevo por exemplo na declaração secreta lusobritânica de 1899 que neutralizou o tratado anglogermânico de 1898 da divisão das colónias portuguesas pelas duas potências. Desde 1903, os intelectuais e políticos portugueses voltam a reconhecer a importância da aliança angloportuguesa no domínio da política externa de Portugal assim como de uma aproximação a Espanha e aos outros países do sul da Europa.
Neste decénio, fervilham as dissidências e novas formações políticas e sociais como os Legitimistas, o Centro Católico criado em 1894, os Círculos Católicos de Operários a partir de 1898, o Partido Nacionalista fundado em 1903.
Em 1901, Hintze Ribeiro cria uma lei que apenas admitia em Portugal as congregações religiosas empenhadas no ensino e/ou caridade, pois nesta altura a religião protestante começa a implantar-se.
Surgem também o Partido Regenerador Liberal de João Franco, em 1901, a Dissidência Progressista de José de Alpoim, em 1905, relacionada com o problema da renovação do monopólio dos tabacos.
Porém as dissidências facilitaram ainda mais os jogos de ocasião entre elites partidárias em que predominavam os interesses e ambições pessoais em detrimento das grandes questões de orientação política.
Com a nova subida ao poder de João Franco, em Maio de 1906, e sobretudo com a dissolução da Câmara dos Deputados, em 1907, instalou-se uma outra lógica de poder para a concretização efectiva de um programa de reformas direccionado principalmente para resolver os problemas sociais que não aquietou a oposição, pois o objectivo desta era mesmo o derrube da monarquia e a instauração da república.r
BIBLIOGRAFIA
MEDINA João; História de Portugal; volume IX – A Monarquia Constitucional; editora EDICLUBE; Lisboa; 1994; pp. 403.




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