quarta-feira, 1 de julho de 2015

Estratégia para o Desenvolvimento e Fomento Industrial 2013-2017

Lagos, 29 de Abril de 2013

Sobre a Estratégia para o Desenvolvimento e Fomento Industrial 2013-2017
O Ministro da Economia e do Emprego, Dr. Álvaro Santos Pereira, considera que terminou a primeira fase do seu mandato e inicia a sua segunda fase com o memorando "Estratégia para o Emprego e para o Fomento Industrial 2013-2017”. Este memorando tem principalmente por objectivo resolver a falta de produtividade das nossas empresas e aumentar a sua competitividade internacionalmente. Com esse intuito pretende
Plibertar investimento para as PME,
Pdiminuir o seu nível fiscal – IRC,
Pfomentar a formação profissional em método dual, aliando a teoria à prática em ambiente laboral;
Pa criação do banco de Fomento, utilizando os balcões da CGD e liderando esta este projecto de financiamento das PME,
Paumentar a maturidade dos empréstimos cedidos às PME,
Pfazer protocolos com os bancos para a concretização deste memorando,
P(...).
Parece-me que este método organizado de trabalho a longo prazo é algo novo a acontecer nos governos que têm passado por Portugal e só por isso o Dr Santos Pereira já tem muito mérito e acredito que está mesmo apostado em concretizar este memorando. - Do funcionalismo público para o sector privado -
Agora há um problema grave: este memorando é muito importante e urgente para as empresas já existentes, mas o Dr Santos Pereira é ministro da Economia e do Emprego e este memorando não resolve o problema do emprego já que as empresas existentes pouca mais mão-de-obra podem absorver sob pena de perderem os níveis já obtidos de competitividade e produtividade porque para todos os itens da empresa há um nível óptimo a partir do qual a empresa perde competitividade e produtividade.
Em Portugal, desde 2008, data estabelecida para o início desta crise internacional que começou nos EUA com a crise dos subprime por falta de ética e por gestão dolosa, esta crise atingiu imediatamente Portugal porque, na verdade, o nosso país tem vivido sempre em crise e estava muito envolvido com este tipo de negócios; até à data já fecharam mais de dois milhões de empresas, o que tem por consequência uns dois milhões de desempregados, bastantes com mais de 40 anos e um aumento exorbitante das despesas do Estado através da Segurança Social. Logo as empresas existentes não conseguem, de maneira nenhuma, absorver este nível de desemprego.
Tudo isto provém da escolha de uma estratégia errada para o desenvolvimento de Portugal: promover uma política de destruição das PME existentes também através do “gasta-se e não se paga” que  corrói qualquer economia para as substituir por grandes empresas e empresas de alta tecnologia a criar hipoteticamente. Não se pode fazer a destruição do tecido empresarial, pois as consequências são desastrosas porque impossíveis de controlar como está à vista de todos. Se a estratégia era a implementação de grandes empresas e empresas de alta tecnologia, pois a única coisa a fazer era as promover com medidas adequadas, mas não destruir as PME existentes (tradicionais); o mercado se encarregaria de desequilibrar e voltar a equilibrar a economia. Assim nem uma coisa nem outra!
Concluindo, a enorme percentagem de desempregados só tem condições de diminuir substancialmente com a criação de bastantes novas empresas também PME tradicionais e assim aumentar o consumo interno, pois as empresas nacionais não se podem dedicar todas à exportação; não têm condições para isso. Cá dentro existe gente e sem elas não se precisa nem de Estado nem de Governo e o país não existirá. O objectivo, na realidade, era importar das economias emergentes que vendem mais barato e exportar bens de qualidade a preços elevados. Tudo retórica! À qual podemos acrescentar vontade de voltar a colocar Portugal nos níveis do terceiro mundo.
Tal objectivo é muito pouco digno para quem os partidos escolheram para nos governar. Aliás a causa de Portugal demorar sempre mais tempo do que os outros países a sair (mais ou menos) das crises está nos salários de nível muito baixo que sempre concederam aos trabalhadores e manter Portugal sempre num nível terceiro-mundista para a esmola, a pedincha, o “receber e não pagar” a nível internacional. Não se vêem os países com mais desenvolvimento utilizarem políticas de baixos salários; só países de PIB baixo e sempre em crise. Afinal isto está tudo relacionado! O baixo nível salarial está relacionado com baixo consumo interno, baixo nível de escolaridade, pouca ou nenhuma resiliência para sair das crises, baixo nível cultural, elevada corrupção, muita burocracia ... Tem sido esta a mentalidade dos poderosos (dos que verdadeiramente detêm o poder) neste país enquanto que eles próprios são dos mais ricos do mundo, mas com o seu dinheirinho fora do país e investido fora do país; para cá dentro não destoarem, claro está. Assim tem sido! As outras economias conseguem recuperar mais depressa exatamente porque os seus trabalhadores têm salários mais dignos e por isso a economia tem uma resiliência maior e consequentemente o consumo interno fica pouco afectado e menos empresas vão à falência com todas as consequências que daí advêm para as receitas fiscais do Estado, para o consumo interno e para as famílias. Depressa se leva as empresas à falência; muito mais lento é o processo de criação de empresas e a sua sobrevivência e vários anos são precisos até estas conseguirem começar a ter lucros e contribuir para as receitas fiscais do Estado.  
Devido ao enorme peso da dívida portuguesa face ao PIB (Produto Interno Bruto, isto é, o que é produzido em Portugal seja de capital estrangeiro ou português) os nossos credores – principalmente a Troika – exigiram que a despesa do Estado fosse reduzida, o que é normal como toda a gente que tem dívidas à banca sabe. Então uma das medidas tomadas foi reduzir os funcionários públicos já que os seus salários pesam bastante na despesa do Estado. Acontece que o Governo Português tinha de pensar em criar condições para os funcionários públicos encontrarem saída em Portugal para a sua nova situação de desempregados, não por um sentido paternalista do Governo, mas para que as receitas do Estado não diminuíssem, pois desempregados sem receitas significa menos IRS, menos IVA, menos consumo interno, menos IRC das empresas que não lhes foi dada a possibilidade de criarem, mais adolescentes deixam o sistema escolar mais cedo, ficando acessíveis para engrossarem a marginalidade e a aversão ao país, muito menos jovens frequentam a universidade por dificuldades económicas, diminui bastante o acesso à cultura, ...  
A quem estamos entregues e somos obrigados a escolher pela escolha partidária porque não temos outra escolha? Na minha opinião, investimentos do sector público para além do estritamente necessário é um erro crasso que iria exponenciar a crise que estamos a viver e que tem como causa exatamente esse investimento público muito para além de qualquer bom-senso e por incompetência.
São muitas as áreas que é preciso ter em atenção neste momento. Uma delas é evitar a instabilidade social, política e parlamentar, promovendo consensos e alianças.   
Outra é promover a desmotivação do “gasta-se e não se paga”, dando os organismos do Estado o exemplo. Não há empresa que resista muito tempo nem economia com esta moda. Aliás esta moda foi criada não à toa; de certeza tinha objectivos precisos. Tem de haver uma acção psicológica, legal, processualmente rápida e eficaz no que a isto diz respeito.*

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