sexta-feira, 6 de julho de 2012

Emigrantes Portugueses


Lagos, 24 de Junho de 2012

sobre As Remessas do Emigrantes

Portugal sempre usou a política da emigração portuguesa para ajudar no equilíbrio das contas do país, pois era garantido que os emigrantes portugueses enviariam para o país as suas economias que iriam aumentar as reservas de divisas estrangeiras existentes em Portugal que seriam usadas para pagar parte da dívida portuguesa ao exterior. Sempre assim foi , mas já não é!

A Balança de Pagamentos de qualquer país referente a um determinado período, para além dos fluxos visíveis – compra e venda de mercadorias, isto é, importações e exportações – tem ainda os fluxos invisíveis – transportes, seguros – e rendimentos – dividendos, juros, remessas de emigrantes e envios de imigrantes.

O que há de diferente entre a emigração portuguesa para a Europa dos anos 1960 e a emigração portuguesa dos anos mais recentes prinicipalmente para a Europa, mas não só?

A emigração portuguesa dos anos 1960 era não-qualificada, sem qualquer conhecimento da língua do país-receptor. Iam fazer os trabalhos, com contratos sem termo, que os do país não queriam fazer, não eram integrados na sociedade porque eram olhados com desdém pelos do próprio país. Consequências:

  • desejo de regressar a Portugal logo que tivessem as economias suficientes para construir a sua casa e criar um meio de subsistência que lhes garantisse uma vida decente;
  • logo, envio constante das economias que o casal conseguisse amealhar para os bancos em Portugal;
  • os filhos frequentavam a escola e assim falavam a língua do país-receptor como as crianças naturais. Se nascessem nesse país, teriam nomes iguais aos deste país e sentiam-se completamente integrados. Quando regressavam a Portugal com os pais nas férias não gostavam do que viam e, enquanto os pais sonhavam em regressar; eles sonhavam encontrar um meio de permanecer no país onde nasceram e/ou cresceram. Assim foi acontecendo: os pais regressavam, mas eles construíam as suas vidas e famílias lá e não enviavam divisas para Portugal. Isto em geral; claro que há sempre excepções.

Nessa altura, Portugal praticamente não tinha imigrantes a não ser das colónias portuguesas mais pobres. Então o saldo, isto é, a diferença entre a entrada e saída de divisas de Portugal era bastante positivo porque não havia praticamente saída de divisas que anulasse as entradas.

Nos anos mais recentes, vive-se em Portugal uma situação diferente.

Portugal tem andado a viver na bancarrota evitada com empréstimos de dinheiro que o Estado faz, mas que precisa pagar com juros nos prazos estipulados. Na bancarrota, tudo fica reduzido a zero praticamente: banca, depósitos, dinheiro em colchões, reformas, salários, ….

Depois tudo vai começando a ser retomado e de acordo com a retoma assim toda a economia, sociedade começa a funcionar segundo as novas regras e segundo as novas possibilidades do Estado, das empresas, das famílias, da banca, …

Portugal sempre viveu em crise, salvo raras excepções. Acontece que por volta de 2007, a crise portuguesa teve o apoio da crise mundial e o Governo de Portugal para poder deixar marca e entrar na moda internacional do endividamento, tornou a vida em Portugal insuportável e com poucas esperanças para muitos portugueses, consequência dos milhares e milhares de falências de empresas, pequenas e médias, que dominavam o tecido empresarial português – 94% e de milhares e milhares de falências de indivíduos que acreditaram na moda do crédito. A banca fica sem liquidez e os portugueses de bolsos vazios. A corrupção cresce sem controlo. Acontece a emigração portuguesa fomentada pelo Governo e pela vontade dos próprios portugueses que não têm alternativa à emigração.

Esta emigração tem dois níveis gerais bem distintos:

1- portugueses, principalmente homens, com baixo nível de escolaridade e que mal sabe falar o português. Não encontra trabalho noutros países por onde ande porque atualmente exige-se que saiba falar a língua nativa ou o inglês fluentemente e tenha qualificações seja para que trabalho for; mas com apoio de outros já instalados sempre desenrasca alguns biscates que sempre rendem mais do que em Portugal e lá vai enviando algum dinheiro para Portugal.

2- portugueses com nível de estudos universitários – licenciaturas, mestrados, doutoramentos – que em Portugal, com sorte, não conseguem mais do que o salário mínimo e conhecedores de línguas estrangeiras principalmente inglês, mas sem dificuldade em aprender qualquer outra língua, jovens que se aventuram por esse mundo fora e depressa encontram trabalho e estatuto social muito superiores aos que alguma vez teriam até num Portugal civilizado. Formam família ou mandam buscar a sua família e ficam completamente integrados e prontos a integrar o circuito de emprego dos universitários por esse mundo.

Claro que estes jovens não vão mandar divisas para Portugal porque os seus ascendentes vão sobrevivendo sem o seu sacrifício e porque o país não garante nem segurança nem dividendos comparáveis aos que o país-receptor ou outros países oferecem nem estatuto social. Também não estão a pensar em regressar ao país se este não passar a oferecer melhores condições de vida a não ser que pertençam a grupos que os incentivem a regressar para passarem a grupos dominantes.

Assim esta emigração dominante é completamente diferente da emigração dominante dos anos 1960 e consequentemente os fluxos de divisas também já que agora a imigração é elevada em Portugal. Comparativamente têm desistido muito poucos imigrantes que continuam a enviar/levar euros de Portugal para os seus países de origem porque lá, por enquanto, ainda têm uma situação pior. Deste modo, as remessas de divisas que portugueses enviam/trazem para Portugal vão sendo praticamente anuladas pela imigração em Portugal.

Por isso, contar com as remessas de divisas enviadas pelos emigrantes portugueses para equilibrar a Balança de Pagamentos é “chão que já deu uvas” e já não dá segundo a sabedoria popular. É a minha opinião!

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